mais cedo ou mais tarde, todos sentimos um desconforto. por estupidez, acomodamo-nos. só voluntariamente o podemos interromper

novembro 07, 2006

[43] dixit .7. meias verdades

" O silêncio não vale só pelo amor. Toda a política, toda a arte da negociação, todas as relações humanas, inclusive entre pais e filhos, fundam-se sobre o indizível. Nós não podemos exprimir os pensamentos, os factos e os sentimentos que magoariam o outro ou que revelariam aspectos de nós que o perturbariam. Não devemos dizê-lo nem sequer a nós mesmos: a nossa vida seria uma barafunda de emoções contraditórias sem um centro que produza uma coerência e uma ordem, que imponha um não ou um sim.
As relações humanas são reguladas pelo mesmo princípio de indeterminação da mecânica quântica: sabes como correram as coisas só depois de ter cumprido uma medida, quer dizer, depois de ter intervindo no fenómeno e, ao intervir, modificaste-o. Já a pretensão de saber, a pergunta, altera a relação. De qualquer maneira, a verdade é sempre um artefacto gerado pela tua acção que fez com que as coisas fossem «ou isto ou aquilo»."


in "Conflito entre sexo e amor, 3. Exclusividade", Francesco Alberoni, SEXO E AMOR, Bertrand Editora, Chiado 2006, p.200
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a capa da edição portuguesa foi horrivelmente escolhida e não corresponde à da imagem

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