mais cedo ou mais tarde, todos sentimos um desconforto. por estupidez, acomodamo-nos. só voluntariamente o podemos interromper

fevereiro 13, 2006

[23] história morta


As histórias mortas são pano fácil de cortar, preferencialmente quando restaram poucas testemunhas vivas que as possam refutar. Eu, teço as histórias vivas. Tu, desempenhas como sabes a testemunha morta - distorcemos por inteiro a directiva.
Fá-lo tão na perfeição que me passeio à tua frente como se fosses uma estátua enraízada no chão da sala e eu um turista acidental.
Se não perguntas nada é por achares tão desnecessário um diálogo entre nós como usar um chapéu de abas num funeral. Também, não preciso nada dizer. Assim, poupas-me àquela espécie de rodopio falante que lembra pessoas com coisas por dentro, e íamos errar o desempenho; as nossas humanidades contraem-se nos esgares de três minutos, quando embrulhamos pele e cio e nos saem aqueles grunhidos guturais de bicho a arfar. Para ser honesto, tinha que te deixar, e, estou tão cansado de nós que não teria forças para o the end da história morta, Helena. Viver sem ti é tão já isto que julgo deter-me na esperança que morra a última testemunha viva para poder acreditar.
...


Photo: Marta Glinska

1 comentário:

sotavento disse...

Hum... esta coisa de declarar as personagens mortas, não sei, não!... :)