Aprendemos a ouvir palavras antes de se gastarem. Vinham com sons e com imagens e pertenciam a quem as proferia. Eram as palavras de alguém. Nutridas por filosofias próprias, eram-nos impostas com um perfil normativo cuja função era formatar-nos. Rapidamente distinguimos uma fala comum para expressarmos necessidades primárias, que usávamos preferencialmente acompanhadas de miméticas expressões de fino polimento.
Havia verbos como o querer-se-faz-favor, o poder-se-faz-favor, o gostar-de-se-me-deixarem, ou os ir-para-, vir-de-, ficar-, estar-onde-nos-quiserem. Era o tempo da interiorização da linguagem obediente; o psitacismo verbal. Alguns nunca o chegaram a ultrapassar. São felizes - diz-se.
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